Quando pisei aquela terra, onde as palavras têm um
outro sentido e as melodias são quase desconhecidas, tive a sensação de que era
mesmo a minha cidade, onde os sonhos não são impossíveis de realizar e onde
cada indivíduo consegue encontrar o seu lugar.
Por um lado, sabia que toda aquela sensação não passava de uma mera utopia, de um devaneio de quem carrega o peso
de uma realidade ingrata às costas e que apenas gostava de recomeçar de novo.
Concebi, ainda, a ideia de que a distância se torna tão
relativa e simples como uma conta de somar das mais elementares. Afinal, são
apenas números, algarismos que teimamos em agrupar, que decoramos como regras
básicas da sobrevivência e que associamos, inevitavelmente, aos monstros do
calendário e do relógio que, teimosamente, nos continuam a dizer que já passou
tanto tempo, sem que sequer tenhamos dado conta de tal acontecimento.
Naquela cidade dos sonhos, é possível reviver um amor antigo, é possível viajar no
tempo e encontrar a felicidade, mesmo que por poucas horas, somente por se
conseguir perdoar com facilidade tudo o que de errado se fez no passado e que,
agora, já não importa mais.
É ali, onde e sol e a lua passeiam quase de
mãos dadas, que todas as frases ditas ganham sentido e que as tímidas palavras
escritas num papel pardo ganham brilho e força: ficam registadas para a eternidade.
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